ISSO mudou minha vida, me fez melhor

O depoimento consciente e emocionado de Vanderlei Munhoz, paulista de nascimento e mato-grossense de coração, radialista, casado com Leda Alves com quem é pai de Ludmila (intolerante à lactose) e Joaquim (APLV). Pai de Priscila e Julia.

O que é ISSO?

– APLV? Nunca ouvi falar.

Essas foram minhas expressões iniciais diante do diagnóstico, deixando ainda mais confusa minha esposa, que diante de tal reação imaginou que estaria sozinha na luta. Confesso que naquele momento ela tinha razão em pensar assim, pois eu ainda não havia entendido (ou me recusava a entender) a seriedade do diagnóstico. Mas até aí tudo bem.

– Mas tem também intolerância agora? Terei que deixar o leite que tomo toda manhã? Mas eu tomo leite desde criança, tomava no curral, tirado direto na caneca e nunca ouvi falar que leite faz mal! O que é isso, agora?

Confesso, não foi fácil. Mas ver a mulher que amo tão preocupada com a situação e a situação no caso era a saúde de nossos filhos, não teve como não aderir à causa. Como não exercer um raciocínio tão lógico? Nenhuma mãe brinca quando se trata da saúde dos filhos.

– E agora, como lidar com ISSO?

Com paciência ela me explicou, passo a passo, as providências que deveríamos tomar em relação a alimentação das crianças. E alertou: se persistir, talvez tenhamos que trocar até os utensílios domésticos. Confesso que me assustei e admito, naquele momento não teve como não pensar na questão financeira. Trocar tudo?

– Não seria exagero seu? Essa médica não está querendo demais?

Com sua sapiência ela me convidou (na verdade, intimou): vamos comigo na próxima consulta.

E fomos. Saí de lá convencido. Não apenas convencido, mas solidário com a preocupação da minha esposa, envergonhado por não ter me preocupado como ela desde o início, sabendo da responsabilidade que tinha como pai de junto a ela cuidar da saúde das crianças e grato a Deus por ter colocado em nossa vida e na vida de nossos filhos uma profissional com tanta habilidade, sabedoria, sensibilidade e generosidade, não só pra nos apresentar o diagnóstico, mas também por nos orientar como lidar com a situação.

E assim nossos hábitos foram mudando. Confesso, não foi fácil. Ir à pizzaria aos domingos à noite era como uma regra, não mais. O copão de pão de queijo nas idas ao shopping, não mais. Os desejados milk shakes também nas visitas ao shopping, não mais. Não mais a pipoca no cineminha. Não mais o sorvete, não mais, não mais, não mais… Aí você descobre: em “tudo” tem leite. E se pergunta: vamos sobreviver?

E isso não é tudo. As festinhas e encontros familiares fazem você se sentir um ET. Todos olham com reprovação a cada recusa e os comentários e buchichos nos cantos nos dão a certeza: estamos sendo taxados de exagerados, frescos, enjoados demais. E aos poucos vamos sendo excluídos. Os encontros e churrasquinhos passamos a saber pelas redes sociais. Os almoços e comemorações também. Será que se esqueceram de nós? Talvez. Devia ser para um número limitado de pessoas e não puderam chamar todo mundo, ou talvez tenha sido… Assim vamos buscando consolo.

Por outro lado têm as atitudes que nos emocionam. A mãe da coleguinha que liga e diz: faremos a festinha de aniversário dela e a participação dele é imprescindível. Me diga o que ele pode comer que vou providenciar. E até nos emociona lembrar que até a lembrancinha do aniversário foi preparada de forma inclusiva e com tanto carinho.

E tantas outras demonstrações de carinho e cuidado por parte de amigos, como aquele que sendo pizzaiolo por hobby se dispõe a fazer uma pizza especial, com ingredientes livres do alérgeno proporcionando ao nosso filho a alegria de experimentar, pela primeira vez já aos seis anos de idade, o sabor de uma pizza. Emocionado ele grita: Uhuuuuu, estou comendo pizza!!!! E o amigo entre lágrimas diz: toda vez que você quiser pizza, é só pedir que o tio faz. Atitudes que marcaram nossa vida para eternidade.

Ver a Mãe que minha esposa se tornou não tem preço. Lançou mão de tanta coisa para se dedicar ao cuidado com nossos filhos. Foi pra cozinha, pesquisou, testou, experimentou, trocou experiências e nos brinda com pratos maravilhosos. Na mesa nossos filhos não podem comer tudo, mas comem do melhor. Temos (até porque compartilhamos da mesma mesa) uma alimentação saudável e extremamente variada. Talvez não fosse o diagnóstico não nos alimentássemos tão bem. Bolachas e biscoitos recheados foram substituídos por frutas, alimentos industrializados por verduras e legumes, leites e derivados por sucos naturais, chás e vitaminas maravilhosas. Vez em quando um novo experimento e uma guloseima deliciosa em nossa mesa. Uhnnnn!

O que é ISSO? Os diagnósticos de APLV – Alergia a Proteína do Leite de Vaca e da Intolerância a Lactose, tão inesperados, tão desconhecidos e tão ignorados, mas também tão reais e tão presentes na vida de tantas famílias se tornaram presentes na vida de nossos filhos e em nossas vidas.

E o que fizemos? Do limão à limonada. Leda, minha esposa entendeu como uma missão e passou a dedicar sua vida ao estudo e a compartilhar conhecimento e orientações com as mães que recebem os mesmos diagnósticos de seus filhos. Assim surgiu o Livre Alimentar. Eu entendi que preciso acompanhá-la nesta missão e ao mesmo tempo entendi também que o que mais nossos filhos precisam é do nosso cuidado, nosso carinho e nossa proteção. Eles precisam que exerçamos com excelência nossa paternidade, porque é isso o que os “verdadeiros pais” fazem diante de qualquer diagnóstico de seus filhos.

Então entendi. ISSO mudou minha vida, me fez melhor. Então tem algo de Divino nISSO!

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