O lado positivo da intolerância à lactose, por Ludmila Munhoz

Por Ludmila Munhoz

Tenho 12 anos e nasci em Cuiabá, cidade quente mas acolhedora.

Descobri ser intolerante a lactose aos 6 anos de idade juntamente com o diagnóstico tardio de alergia à proteína do leite de vaca, mas hoje já sou tolerante à proteína, desde que em pouca quantidade. Sempre fui muito apaixonada por leite e derivados, sempre consumia muito; como pão de queijo, que era uma das minhas comidas preferidas.

No início do diagnóstico, foi muito difícil, pois era acostumada a consumir muito leite e derivados e de repente não podia mais nada. Ter que parar de comer as coisas que eu mais gostava foi difícil, mas com o tempo fui me acostumando, meus amigos e minha família sempre compreensivos quanto a isso, mas é óbvio que também tinha gente que dizia que isso era exagero e frescura, mas eu nunca levava muito a sério pois eu sabia o que eu tinha e não ligava para os comentários dos outros.

Como eu disse, hoje em dia é muito mais fácil: já sei o que posso e o que não posso e também sei como lidar com isso em festinhas de amigos e me virar com o que posso comer, apesar de que nunca tive problemas com isso;  graças a Deus, meus amigos sempre foram muito preocupados comigo. Até hoje, quando eles veem que eu estou comendo algo que possa ter leite ou traços, eles já ficam todos preocupados, ficam falando coisas do tipo: oh, Ludmila se você passar mal, eu te avisei, viu! (risos)

Hoje em dia, levo a intolerância a lactose muito mais pro lado positivo. Obviamente, sinto falta de comer muitas coisas, mas, por outro lado, hoje levo uma vida saudável e ainda posso ajudar outras crianças/adolescentes a passarem por isso de uma forma bem mais tranquila e, além disso, através da intolerância descobri minha paixão pela confeitaria, mas isso vamos deixar mais pra frente.

Quando essa pandemia começou, foi um susto para todos! Tivemos que nos adaptar a ela e ainda é difícil, mas fazemos o possível! Como fiquei com um bom tempo livre, comecei a pensar de que formas eu poderia usar esse tempo! Sempre gostei muito de ler, cantar e tocar (toco ukulele e aprendi a tocar um pouco de violão na quarentena também) mas, tirando isso, um belo dia decidi gravar uma receita para o Instagram da minha mãe, o @livre_alimentar, que hoje em dia está virando um projeto incrível.

Enfim, postei uma receita de frappuccino e muita gente gostou, além disso, me dei conta que tinha adorado ficar na cozinha e gravar receitas inclusivas para pessoas que passam pelo mesmo que eu poderem fazer também, além da questão do meu irmão Joaquim que é alérgico à proteína do leite de vaca e que ainda não tem tolerância como eu, então ele não pode comer nada que tenha a mínima quantidade de leite ou derivados, além de todos esses fatores, decidi fazer as receitas por ele também, para ele ter coisas gostosas pra comer e fáceis de se fazer, daí surgiu o quadro “Receitinhas da Lud”, que começou de forma semanal no Instagram e canal do YouTube do Livre Alimentar, mas tenho falhado recentemente por conta dos estudos, provas e outras coisas de ordem pessoal.

Ludmila e seu irmão Joaquim

Mas desde então me apaixonei pela cozinha e sigo fazendo minhas receitas. Mas também todo lado bom tem suas responsabilidades. Tenho minhas receitas, meus estudos, meus hobbies e sempre tento equilibrar tudo. É um pouco difícil principalmente nessa pandemia, por causa da falta de convívio com os amigos! Mas sempre tento equilibrar tudo e dar o meu melhor.

Já errei sim, vou errar, mas é errando e acertando que vou conseguir alcançar meus sonhos e sei que, com o pouco que já fiz, já ajudei pessoas a lidarem de um jeito mais tranquilo com suas alergias e intolerâncias alimentares e outras a entender um pouco do que passamos!

Então, essa sou eu, um pouco de como é a vida de uma adolescente com intolerância a lactose! Obrigada pelo convite e espero ter inspirado e ajudado outros jovens e pessoas a entender um pouco mais sobre o assunto!

 

 

 

 

 

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