Crianças Alérgicas: Um aprendizado diário

Nahara e Anita

Nahara Leite Ribeiro, Piracicaba SP
@nah_ribeiropsico

Sou uma mãe fora do padrão, em muitos sentidos. No quesito emocional, percebo que o mundo vai desabando e eu vou caminhando; só apavoro quando não tem como evitar mesmo. Tem sido assim com a alergia da Anita: ela nasceu miudinha – eu engordei só 5kg na gravidez. Mãe solo aos 40, fui percebendo suas dificuldades na alimentação mesmo ela tendo mamado no peito até um ano.

A alergia se pronunciou com a introdução do leite de fórmula. Aos três anos, fomos no primeiro alergologista, que me encaminhou para a nutricionista.

Ela restringiu muito a alimentação da Anita, em uma semana ela perdeu 1kg. Fomos, então, em um segundo alergologista, agora particular. A nova alergologista, super atenciosa, foi reintroduzindo e fazendo novos exames. Hoje, vejo que a postura do primeiro alergologista e da nutricionista foi negligente – digo como forma de orientar novas famílias para o diagnóstico adequado.

A alergia se manifesta de várias formas e existe o perigo da anafilaxia. Descobrir o que realmente causa a alergia como irritação da pele, dos olhos e a crise anafilática também é um processo. Aqui em casa foi um caminho de muita observação, de exames e confesso: passei por alguns perrengues como dar um pedacinho de nozes para sentir o corpinho dela e ver minha filha ficar deformada na minha frente. Não era uma coceira, era um início de anafilaxia. Uma calda de chocolate com muito avelã pode matá-la. Santa caneta de adrenalina!

Diagnóstico precoce, orientação adequada e rede de apoio são essenciais. Quando as pessoas perguntam se podem dar determinado alimento antes de mostrar para seu filho, quando há buffets infantis higienizados e com alimentos de qualidade, supermercados e farmácias que vendem produtos menos industrializados mais acessíveis, lojas de roupas que vendem produtos de qualidade como roupas de algodão e peças íntimas sem elástico e de algodão, escolas que levam a sério sua orientação, ou quando amigos compram os produtos caros na promoção ou fazem o saquinho surpresa diferente para seu filho…. a gente chora por dentro de emoção.

Quando compro um bom produto, faço um creme natural que aprendi ou quando eu consigo comprar a adrenalina, me lembro de todas as famílias que passam ou ainda vão passar pelo que passei. Gostaria que seus filhos sofressem menos. E que esses pais sentissem menos culpa e medo. Já estamos fartos de micro agressões que se tornam grandes turbilhões em nossas vidas.