Acessórios identificadores de alergias. O que pensam pais e mães.

Tatuagens e pulseiras como forma de proteção de alérgicos

Atire a primeira pedra o pai ou mãe de alérgico que nunca teve vontade de dizer ao mundo que filho precisava ser preservado de contato com os alérgenos! Não é difícil achar entre a comunidade alérgica pessoas que pensam muito sobre isso. Alguns alérgicos a medicamentos quando adolescentes ou adultos até decidem fazer tatuagens alertando sobre a questão, pensando em se protegerem em caso de acidentes onde percam a consciência.

Foi este pensamento que motivou Andrea Rodrigues, mãe de duas meninas alérgicas, uma anafilática. Decidida a proteger sua filha, ela resolveu apostar nos acessórios de identificação pessoal e de materiais como bolsas, mochilas e merendeiras. Morando nos EUA, a mãe achou no mercado americano pulseiras e adesivos que a filha usa desde pequena como forma de se proteger de acidentes com a ingestão de alimentos a que tem alergia.

“As pulseiras diminuíram minha ansiedade e a minha insegurança. Quando eu a deixava, antes das pulseiras, se eu estivesse passando perto da escola e visse uma ambulância eu já achava que podia ser para socorrer minha filha”, revela.

Decidida a empreender e a dividir a possibilidade de tornar a vida de outros pais menos sofrida, por conta do medo e da ansiedade, Andrea lançou no Brasil uma linha de produtos de identificação de alérgicos semelhantes a que a ajudou nos EUA. Até então não existiam no mercado brasileiro tais produtos. “As pulseiras protegem e diminuem a ansiedade de toda a família, inclusive da criança. Na escola e em outros lugares onde a criança fica sozinha é importantíssimo. As pessoas têm que saber das peculiaridades e não terem vergonha e se esconder. Conhecimento é libertador”, diz a empresária criadora da Tina’s Bite.

Entre os adeptos da identificação como forma de proteção há os pais de adolescentes e os jovens que decidem fazer uma das chamadas tatuagens do bem, que alertam para alergia grave a medicamentos. Mãe de duas jovens, uma de 18 anos, alérgica alimentar e a medicamentos, e outra de 20, sem alergias, uma professora revela que até gostaria que a filha mais nova fosse tatuada. “Mas ela não quer muito. A mais velha é que gostaria, mas eu não gosto muito de tatuagem. Mas como alerta de segurança eu gostaria”, explica.

Outra mãe de uma criança alérgica diz que é a favor da conscientização das pessoas sobre as alergias e acredita que as pulseiras podem ser úteis em determinados locais, como acampamentos, e escolas, onde os pais não estão presentes. “Acho que ela salva a vida em situações de emergências. Eu sou alérgica a dipirona. Eu usaria, pois se chego desacordada a um hospital podem me matar! É o primeiro remédio que dão”, explicou.

Uma outra mãe vai mais longe. “Eu penso que qualquer recurso utilizado na proteção e manutenção de qualquer pessoa em relação à saúde e ao bem-estar é super válido. Eu me habituei, antes de oferecer qualquer alimento, a perguntar aos pais/responsáveis se pode. Mas, nem sempre fui assim. Viemos de uma cultura que um biscoitinho nunca faz mal a ninguém”, explica.

Na contramão das mães, dois pais pensam diferente!

“Eu não colocaria pulseiras de identificação nos meus filhos alérgicos. Penso que isso gera discriminação e impede que eles sejam só crianças, que se misturem às outras. Todos correm risco na vida, alérgicos ou não. Mas eu acredito na conscientização sem vitimização. Todos que convivem com a criança alérgica precisam saber a condição deles e cabe aos pais o papel de conscientizador. Existem várias estratégias para proteger com conscientização, inclusive habilitando a criança desde muito pequena. As tatuagens eu não faria. Particularmente eu não gosto de tatuagem e se fosse pra me proteger eu usaria um cartão como muitas empresas fazem os funcionários usarem ou um colar tipo o do soldado americano, com as informações necessárias”, opina.

O segundo pai concorda parcialmente com os acessórios. “Só usaria no meu filho em locais onde as pessoas não o conhecem. Mas identificar ele num ambiente onde já está acostumado a ir como igreja, família, escola, sou contra. As outras pessoas não usam etiquetas sobre suas condições de vida”, explica. Ele também não concorda com as tatuagens do bem. “Como creio na cura, tatuar algo no corpo traria a aceitação de que a doença é sua e não vai curar “, revela.

Mas e você? O que pensa sobre o assunto? Comente aqui e nos conte o que você acha sobre o uso de acessórios de proteção para alérgicos!

Flávia Ribeiro Nunes Pizelli, jornalista,
produtora de conteúdo e mãe de alérgicos!
E-mail: ribeironunesflavia@gmail.com

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