Mariana Marques, psicopedagoga, gestora escolar, Minas Gerais/Belo Horizonte
Instagram: @yahwehmarquesmariana
Linkedin: Mariana Marques Yahweh
A vida escolar se inicia em algum momento para todos nós. No entanto, para as crianças com alergia alimentar e suas famílias, esse processo pode ser doloroso, de muitas dúvidas e medos. E, assim, em especial na primeira infância, a escola muitas vezes perde a magia do lugar lúdico e fantástico, transformando-se em um espaço assombroso.
No processo educacional buscamos assegurar, por meio dos aspectos políticos, estéticos e éticos, um ambiente acolhedor, que proporcione o desenvolvimento pleno da criança.
Atualmente, um dos maiores desafios na inclusão das crianças com alergia alimentar é o ajuste da rotina que vai desde as questões operacionais até as questões pedagógicas. É preciso um diálogo aberto com a família, com a equipe médica que faz o atendimento da criança em questão e sobretudo entender de fato o que é incluir.
Na maioria das vezes, o conceito da palavra inclusão é interpretado e aplicado de forma errônea, gerando um desgaste físico e emocional para todos os envolvidos. Incluir é respeitar e buscar estratégias dentro das especificidades de cada um, com o intuito de promover a interação e o desenvolvimento do indivíduo em sua individualidade e do coletivo.
Precisamos entender que, antes do laudo médico, que é um fato determinante sobre a criança e seu processo escolar, trata-se de um ser com sentimentos, desejos e medos. E cabe a nós proporcionarmos uma escuta ativa com todos os envolvidos, buscando, por meio de um olhar atento, conhecer a história da família, suas expectativas em relação à criança e à escola, ativando ali a empatia, e a resiliência, tornando mais leve o processo.
Por meio de um projeto institucional, as questões sobre alergia alimentar e alimentação saudável vão ganhando espaço entre as crianças e as famílias. O lugar tão sonhado voltar a ter as cores de um lindo arco-íris. Atualmente, no mercado, já temos músicas, literatura e outros elementos que podem auxiliar tanto a direção como o corpo docente e demais profissionais, no processo.
Em uma das escolas da primeira infância que já atuei, desenvolvemos ações e/projetos que visam promover espaços de discussão e formação para toda a comunidade escolar, independentemente se a família tem ou não uma criança com alguma restrição alimentar, pois acredito que temos que, além de promover um atendimento que inclua a criança com alguma restrição, também promover ações que tragam uma reflexão sobre a importância de uma alimentação saudável. Mediante essas ações é possível reorganizar a rotina escolar incluindo cada vez mais todos os envolvidos.
Acredito que por meio de uma comunicação cada vez mais clara, e objetiva podemos incluir a todos. O laudo médico direciona nossos esforços para que possamos ter uma vida plena, mas não define nossos anseios e sentimentos.
Precisamos humanizar os processos e assumir nossas responsabilidades em promover ambientes e ações que são permeados pelos aspectos políticos, estéticos e éticos.
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