Por Bianca Kirschner
Há duas semanas, viajei sozinha a trabalho. Eu raramente viajo sozinha — a trabalho é ainda mais raro. A última vez foi em 2018.
Coincidência ou não, a viagem da turma do Lucas foi agendada para o mesmo período da minha viagem.
Num primeiro momento, achei impossível que eu poderia me ausentar em momento importante para o Lucas, mas o Mateus, meu esposo, falou que daria conta da programação sozinho.
Em casa, devido às responsabilidades profissionais diferentes, eu lidero grande parte do planejamento das atividades sociais da família. Quando necessário, Mateus também lidera os cuidados — e com muita competência.
Eu viajei 2 dias antes do Lucas.
Por ironia da vida, minha viagem era para atender um congresso sobre alergias alimentares no mesmo momento que Lucas — múltiplo alérgico alimentar — viajava sozinho para outro país pela primeira vez.
Passei por momentos de ansiedade, de dúvidas sobre a nossa decisão de permitir que nosso filho fosse para algo desafiador para quem tem alergias alimentares ao mesmo tempo em que eu estava ausente do outro lado do mundo. No entanto, também tive momentos de muita felicidade: durante o evento, foi reforçado que devemos dar a liberdade para nossos jovens alérgicos alimentares.
Há riscos, temos que confiar em pessoas que muitas vezes nem conhecemos, mas acreditei boa parte do tempo que tínhamos feito um bom trabalho de planejamento. Além disso, recebi inúmeras mensagens de pessoas próximas me dando a certeza de que estava tudo correto sim.
No final das jornadas, achei mesmo que tinha sido bom não estar em casa no momento do “tchau” da viagem do Lucas, pois a minha ansiedade o teria deixado muito ansioso também.
Hoje, algumas engajadoras sociais próximas estão indo viajar a trabalho também. Estão indo aprofundar conhecimento dentro da nossa área de engajamento social. Eu sei que tem mães de alérgicos alimentares que fazem isso todos os dias, mas também sabemos que muitas mães passam a vida a cuidar de seus filhos alérgicos alimentares.
Quero compartilhar com todos que viajar e sair todos os dias de casa e deixar os filhos alérgicos sob o cuidado de outros é muito difícil. É “confiar desconfiando”, é ter medo, dúvidas. Acho que são todos sentimentos normais e esperados. Mas é necessário para todos. É bom para os próprios alérgicos também, para que eles possam colocar em prática o que eles têm aprendido.
Hoje, essa mensagem especial vai para esse pequeno grupo de mães que viajam como eu viajei para aprofundar o conhecimento dentro da área de alergias alimentares. O recado é que todos continuem buscando conhecimento, que ensinem seus filhos ainda pequenos sobre todos os cuidados e que, com sabedoria, ensinem que podem ser livres e alegres com alergias alimentares.
Meninas (perdão, pois nesse caso são todas mães), voem alto nesses próximos dias.
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