A experiência do casal Vivian e Igor e suas duas filhas — uma com APLV — durante a pandemia. Leia o depoimento.
Meu nome é Vivian. Eu e Igor estamos juntos há 22 anos e somos casados há 17. É uma vida inteira! Mas nem uma vida inteira de muitos altos e baixos, de intensas alegrias e grandes provações, foi capaz de nos trazer à rotina diária tudo o que este ano trouxe. No início da pandemia, lá em março, eu (professora) e ele (atendente comercial) passamos a trabalhar em home office (ele é do grupo de risco, por ser cardíaco). Vimo-nos então, pela primeira vez, juntos 24h por dia!
Como temos duas filhas (6 e 2 anos), o primeiro momento foi de pura diversão! Sempre brincamos muito juntos, mas passar tanto tempo dentro de casa foi algo meio mágico e mesmo com todo o medo que nos envolvia, aproveitamos a oportunidade. Somos realmente o tipo de pessoa que procura sempre olhar o “lado bom” de tudo. E o fato de morarmos em uma cidadezinha do interior (Porciúncula/RJ) também colaborou para que mantivéssemos a nossa saúde mental em dia, ainda que tenhamos pirado um pouco às vezes (Risos). Afinal, até conseguimos sair um pouco, às vezes, sem que isso represente risco. Fizemos vários piqueniques em família, por exemplo. Fomos a cachoeiras, sítios, e até acampamos em nosso próprio quintal!
Quanto ao nosso relacionamento conjugal em si, do qual sempre buscamos cuidar muito bem mesmo após a chegada das meninas, também aproveitamos a chance de estarmos tão próximos e podermos fazer coisas que antes não conseguíamos (ou ao menos não com a frequência com que gostaríamos). Assim, pudemos assistir a filmes, conversar na varanda, tomar uma cervejinha ouvindo boas músicas, entre tantas coisas que amamos fazer juntos!
Mas… É claro que nem tudo têm sido só flores, né? Além de todos os afazeres domésticos e da rotina cheia que envolve os cuidados com as crianças, a minha demanda de trabalho foi aumentando. Somado a tudo isso, nossa filha mais nova, diagnosticada com APLV (alergia à proteína do leite de vaca) exige um movimento constante na cozinha, onde preparamos (com muita alegria, carinho e amor) cada refeição da nossa família, desde o café da manhã até o jantar. E eis que em plena pandemia, estivemos ainda, às voltas com seu TPO (teste de provocação oral), quando foi observada sua tolerância/cura. Mesmo assim, decidimos não mudar o hábito de prepararmos as nossas refeições. Durante este ano não compramos nem um pacote de biscoito para as meninas, por exemplo. Optamos por seguir fazendo os nossos em casa, em família. É gratificante, ainda que exija tempo e dedicação.
Desta forma, conforme fomos vivendo cada fase, novas estruturas de organização da rotina se fizeram necessárias. E num momento em que estamos mais sensíveis por todas as questões – sobretudo emocionais – que a pandemia trouxe, nem sempre isso é tarefa fácil. Mesmo quando já temos o diálogo como base de uma relação madura como a nossa, o turbilhão de sentimentos, medos e renúncias, gerou certo desgaste. E sequer temos a chance de nos “desligarmos” um pouco um do outro, pois agora ficamos juntos 24h por dia. Em casa. Com duas crianças pequenas. Haja inteligência emocional! (risos).
Ao final deste tão atípico e desafiador ano de 2020, podemos dizer que crescemos muito enquanto casal. Sentimo-nos de fato mais próximos (não apenas fisicamente), mais maduros, mais fortes e, com toda a certeza desse mundo, ainda mais apaixonados pela dádiva de dividirmos um com o outro a nossa VIDA!
Vívian Dutra Fernandes de Castro e Igor Oliveira de Castro