Por Flávia Ribeiro
Os churrascos sempre foram um desafio para a minha família. Assim como eu perseguia os bolos fofos, meu marido se esmerou na tradicional técnica de assar carne com carvão em brasa. Durante muito tempo pudemos fazer apenas de porco e coelho. A carne suína sempre foi um alimento seguro para meus três filhos.
Em casa era simples, a gente só assava o que eles podiam comer. Nossos pais, irmãos, primos e amigos próximos comeram muito só o cardápio deles. E estava tudo certo!
O problema era e ainda é quando a gente se mistura com muitas pessoas, sempre têm chance de um acidente. Um conhecido que sabe das nossas alergias, mas que é muito fora da nossa realidade e quer assar um pão de alho que contém glúten e ovo, um queijo, uma linguiça recheada com laticínios.
Sentinela
Depois que temos filhos, ativamos uma característica sentinela que nos faz proteger nossas crias. Eu penso que depois que temos filhos alérgicos despertamos também um radar interno que nos faz mapear qualquer perigo em segundos. E esse mesmo radar nos faz achar alternativas de inclusão. Dá um trabalhinho, mas a gente se adapta e garante alegria e nutrição.
Atualmente as crianças comem todas as carnes convencionais da nossa cultura e até uma ou outra linguiça, mas ainda temos restrições sérias a leite e derivados (eles e o pai), trigo (eles e eu) e ovo (eles três).
Então churrasco agora é muito fácil, mesmo com gente de fora, mas vira e mexe tem uma tentativa aleatória de inclusão de um pão de alho, umas bolinhas de queijo, um queijo coalho. A gente fica de olho e atento ao que está indo para a churrasqueira.
Churrasqueira no carro
Frequentemente Tiel assume os espetos quando estamos em grupo. Se ele não for, eu vou. As saladas de maionese e batata convencionais também estão fora da nossa rota, mas uma vizinha querida nos ensinou a fazer maionese de couve flor e nunca mais passamos vontade.
Mas isso tudo é história recente, já teve época que andávamos com um kit churrasco no carro. Era a churrasqueirinha das crianças com todos os apetrechos para fazermos um churrasquinho seguro. Eles amavam!
“Era legal aquela churrasqueira! Eu achava tão bom ter aquela exclusividade”, relembra Pedro, o meu primogênito que caminha pros 15 anos.
Então as nossas dicas são:
– Tente excluir do cardápio coletivo os ingredientes que sua família não pode;
– Fale sobre as restrições com quem você convive;
– Assuma a churrasqueira e faça a melhor carne que puder;
– Se vocês não puderem ovo, faça maionese alternativa para todos;
– Se não tiver jeito, monte um kit churrasco e fique em paz e segurança.
Bianca Kirschner fala da experiência de sua família gaúcha
Bianca Kirschner, criadora do Conexão Alimentar, comentou sobre churrascos e o impacto na sua família para nossa matéria. Com o filho Lucas, alérgico alimentar, todo cuidado é pouco em relação aos utensílios na hora de assar a carne.
“Nos sentimos muito mais confortáveis fazendo churrasco na casa da gente, na nossa grelha ou na casa de familiares próximos, que mesmo usando espetos, já sabem que não podem o famoso pão com alho, nem o coração de galinha empanado com farinha de trigo. E quanto ao uso dos espetos, ou das grelhas, confiamos que para o nosso caso de restrições alimentares, funciona lavar bem. Mas temos que evidenciar que cada alergia e seus respectivos cuidados são diferentes.”
Outras dicas da Bianca devem ser consideradas:
“Nós nunca andamos com kit churrasco no carro, mas já levamos papel alumínio para forrar uma parte da grelha ou até um pedaço de carne já assada de casa. Inúmeras são as vezes que Lucas mal senta a mesa para comer, pois enquanto os adultos estão socializando ao redor da churrasqueira, os pequenos estão brincando, correndo, se divertindo.
Ela também comenta sobre algumas receitas peculiares que devem ser evitadas:
“ Também existem os churrasqueiros que curtem algumas receitas diferentes como deixar a carne em salmoura de cerveja, que na grande maioria das vezes contém glúten.”
Gaúcha, com tradição em churrasco, ela deixa uma dica: