O baixo uso de canetas de adrenalina por adultos

Bianca Kirschner

Na reunião anual do ACAAI – Colégio Americano de Alergia, Asma e Imunologia nos Estados Unidos, no ano de 2022, foram apresentadas descobertas que citam as baixas taxas de pacientes alérgicos adultos com histórico de reação grave a alimentos que portam a caneta de adrenalina.

Chocante, não é mesmo? Quando pequenos, os alérgicos alimentares possuem seus responsáveis cuidando de muitos detalhes que fazem parte do dia a dia de quem vive com esse diagnóstico. Mas e os alérgicos adultos?

Sabemos que a epinefrina é o tratamento de primeira linha para reações alérgicas graves e esse é o único medicamento seguro e eficaz que pode reverter as reações graves de uma alergia. Apesar da sua importância, esse estudo realizado nos EUA, mostrou que a grande maioria dos adultos com alergias não tem a caneta disponível para tratar a reação caso ela ocorra.

Os motivos para a baixa aquisição da caneta nos EUA:

  • Baixa prescrição de canetas em adultos; apenas 52% dos pacientes adultos com alergia responderam que já receberam prescrições médicas;
  • Pacientes do sistema público de saúde não possuem acesso a caneta em comparação com aqueles com seguro de saúde privado;
  • Outros fatores são associados a idade avançada, baixa renda e não relato de anafilaxia.

Dos entrevistados que receberam as receitas, apenas 55% sempre tiveram acesso imediato à caneta. Conforme pesquisa, receber a receita não significa que os pacientes irão adquirir a caneta de adrenalina.

O custo para adquirir a caneta é uma barreira nos EUA, mas os motivos apresentados também estavam relacionados à falta de recomendação médica, educação e equívoco quanto à caneta.

Considerando que no Brasil não temos a caneta e que, quando prescrita, ela precisa ser importada, nossa situação ainda é mais complicada.

Durante as consultas, o diálogo entre o paciente e o profissional pode ser a chave para entender todas as nuances que um diagnóstico de alergias alimentares traz para a vida do alérgico e seus familiares.

Desejamos que todos possam sair de suas consultas com informações corretas e que quando a dificuldade de aquisição da caneta existir, que os médicos possam claramente explicar todos os passos do Plano de Ação para emergências portando ou não a caneta de adrenalina.

Inspiração e fonte: https://www.foodallergy.org/fare-blog/only-half-adult-food-allergy-patients-surveyed-report-being-prescribed-epinephrine-auto

Bianca Kirschner,
Consultora de Viagens com Alergias Alimentares

Mãe de Lucas e Felipe,
é criadora e diretora
da plataforma Conexão Alimentar

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