Por Bianca Kirschner
Recentemente, acompanhei o Lucas em uma consulta com o alergista. Em determinado momento fomos surpreendidos por um choro vindo da sala ao lado. Pelo som, logo percebemos que era um bebê e, como já usamos aquela sala antes para exames, entendemos rapidamente: ele estava fazendo o teste cutâneo.
Na hora, fiquei pensando… nem sei dizer quais exames são mais difíceis: os cutâneos, que testam alérgenos diretamente na pele e os mesmos começam a coçar e o paciente não pode coçar, ou os exames de sangue para medir os IgE específicos.
Lucas e eu nos entreolhamos durante o choro do bebê e começamos a lembrar de quantos exames ele já fez nesses 14 anos convivendo com alergias alimentares.
É algo sobre o qual se fala pouco, mas quem convive com alergias alimentares desde pequeno normalmente tem uma longa história — e, muitas vezes, traumas — com agulhas.
Lembro das ocasiões em que tivemos que segurar o Lucas com braços e pernas para conseguir fazer um exame de sangue. E não foram poucas as vezes em que a primeira tentativa falhou, e tivemos que repetir tudo. Também tivemos uma tentativa que não rolou de jeito nenhum e tivemos que retornar num outro dia!!! Nem recordo de tudo que prometi durante esses momentos em que o meu coração quase saia pela boca e eu sentia uma mistura de ódio e compaixão pela situação.
Hoje, vendo o Lucas — já mais alto do que eu —, nem sempre me dou conta de todos os sufocos que enfrentamos juntos. Mas, nesses momentos, a memória vem com força.
Conviver com alergias alimentares têm impactos profundos, que a maioria das pessoas que não vive com restrições nem imagina.
Lucas, você é incrível