Por Bianca Kirschner
Fiz uma entrevista com Monica e Luísa, do Guia Sem Glúten, sobre vários aspectos relevantes para nossa comunidade.
Destaquei dois trechos, mas todo o conteúdo é excelente.
Anotem ai os endereços: @guiasemglutenoficial https://www.guiasemgluten.com.br/
A falta de acesso a informações, aos produtos e à variedade se acumulam em fatores que geram estresse e atrapalham o bem-estar social e impedem a popularização e foco desses produtos em grandes mercados. O resultado é a necessidade de uma investigação e busca por quais alimentos são seguros para o consumo dessas pessoas, tornando o processo de compra do mês, por exemplo, pouco prático e mais estressante.
Nosso maior propósito é criar uma grande comunidade de cooperação mútua: fazer conexões entre produtor e consumidor, trazer acesso aos produtos, disseminar conhecimento sobre o setor e, consequentemente, proporcionar uma vida mais leve, confiável e fácil para todos.
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Um pouco da história…
A razão do Guia Sem Glúten existir surge no contexto de uma necessidade pessoal. A empresa foi fundada a partir de necessidades ligadas aos desafios enfrentados por quem precisa se alimentar de forma restritiva no dia a dia.
Desafios enfrentados por Mônica, fundadora do Guia Sem Glúten, não celíaca e que possui uma filha celíaca, a Luisa.
As dificuldades de concentrarem compras regradas por uma restrição alimentar não foi um problema exclusivo da pandemia. Esses desafios são realidades de pessoas como Mônica e Luisa desde muito antes e que perduram após as flexibilizações das quarentenas e isolamentos sociais.
A ideia surgiu durante a pandemia, em um momento em que todos estavam em quarentena. Ouvindo relatos da dificuldade de outras pessoas com restrições alimentares e também de produtores de alimentos sem glúten, Monica identificou a oportunidade de unir as necessidades dos dois públicos: o produtor, que não conseguia atingir o cliente final; e o consumidor, que não tinha tudo reunido em um só lugar.
Quais são os maiores desafios nesse mercado de opções para pessoas com restrições alimentares?
Trata-se de um mercado de nicho. Grande parte do público que busca por esses alimentos é reduzido, comparado a um público que consome de um mercado comum, assim como os produtores de alimentos sem glúten se destinam a essas pessoas. Entretanto, o Guia Sem Glúten se projeta em um espaço de ampliação e conexão, na qual permite que o produtor não se restrinja apenas ao público local em consequência de o consumidor ter acesso a uma maior variedade de opções.
Com as discussões sobre a doença celíaca, sensibilidade ao glúten e algumas alergias alimentares se tornando mais recorrentes, há uma mobilização e conscientização maior sobre as necessidades, assim como facilidade no processo de diagnóstico (que deve ser feita por um médico).
Com sua experiência, o que você acha que falta em termos de conscientização das pessoas que não possuem restrições alimentares?
Ainda existem muitas dúvidas em relação às necessidades de uma alimentação restritiva.
Algumas pessoas ainda não compreendem exatamente sobre diferentes dietas alimentares e a importância de segui-las, que podem acabar se passando por frescura ou exagero enquanto é uma realidade. Frases como “Você não pode comer nem um pouquinho?”, “Ah, não vai fazer mal só um dia” e “Você não está exagerando demais?” são comuns no dia a dia.
Porém, pior que isso: essa ignorância com o assunto afeta camadas maiores na vivência de uma pessoa com restrição alimentar, como um acesso dificultado a produtos desses setores, como os Sem Glúten.
A falta de acesso a informações, aos produtos e à variedade se acumulam em fatores que geram estresse e atrapalham o bem-estar social e impedem a popularização e foco desses produtos em grandes mercados. O resultado é a necessidade de uma investigação e busca por quais alimentos são seguros para o consumo dessas pessoas, tornando o processo de compra do mês, por exemplo, pouco prático e mais estressante.
Quais as principais mudanças que você percebeu no mercado para produtos para pessoas com restrições alimentares nos últimos 5 anos?
Notamos uma melhoria no volume de lançamentos e opções saborosas para pessoas que precisam se alimentar de maneira restritiva.
Hoje já é possível encontrar opções de produtos com ótimo sabor, boa textura e um número grande de lançamentos em relação há 5 anos atrás. Mas achamos que ainda há muitas oportunidades nesse mercado.
O Guia Sem Glúten começou a operar em 2022 e temos consciência de que é uma jornada de longo prazo. Porém conseguimos enxergar ótimas oportunidades e um futuro próspero.
Aos poucos queremos fazer a diferença no desenvolvimento do mercado sem glúten e guiamos o cliente para um acesso mais fácil pelos produtos, informações e conhecimentos sobre o setor. Desse modo, temos como objetivo tornar tanto a vida do consumidor quanto do produtor mais fácil.
Qual a visão de futuro que você projeta para o Guia sem Glúten?
Nosso maior propósito é criar uma grande comunidade de cooperação mútua: fazer conexões entre produtor e consumidor, trazer acesso aos produtos, disseminar conhecimento sobre o setor e, consequentemente, proporcionar uma vida mais leve, confiável e fácil para todos.
O desejo e a proposta do Guia Sem Glúten é de ir além e reunir, também, profissionais de saúde, familiares, chefs culinários, organizações do terceiro setor (organizações sem fins lucrativos) e outras pessoas que tenham interesse e relação com o tema.
Nós queremos formar uma rede para conseguirmos entregar produtos, informações e apoio para as pessoas que estejam envolvidas direta ou indiretamente nesse público. Vivemos uma época em que a automação está mudando a natureza do trabalho, e talvez a pandemia tenha acelerado esse processo.
Com essa realidade, percebemos que a oportunidade de ter um lugar seguro e humanizado nunca foi tão importante. Ainda mais quando estamos lidando com consumidores que têm restrições alimentares e têm que ter uma alimentação segura.
O Guia Sem Glúten surge para ser esse lugar seguro, onde o vendedor que vende o seu produto é especial, único. Não dá para competir lado a lado com itens que não se conectam com o nosso mercado.
Por isso, queremos manter o comércio humano e achamos que isso importa mais do que nunca.