Texto: Kassiane @autismocomleveza
E se fosse o seu filho sendo acusado de ser impossível de se conviver? E se fosse o seu filho tendo a matrícula negada, ou ainda, sendo convidado a se retirar da escola no meio do ano letivo? E se fosse o seu filho sendo impedido de brincar no parquinho?
Se você é mãe típica e me lê nesse momento, provavelmente essa é uma realidade bem distante. Se você é mãe atípica, tenho certeza que já passou por algo parecido.
Se você é mãe típica, te peço, por favor, pra ler esse texto até o final. Essa luta não vai avançar enquanto ela for travada só por famílias atípicas. Precisamos das famílias típicas junto com a gente. Precisamos das famílias típicas perguntando sobre inclusão na escola dos seus filhos.
Precisamos de famílias típicas explicando para seus filhos que o coleguinha diferente não atrapalha a sala, pelo contrário, tem muito a acrescentar. Precisamos das famílias típicas se indignando tanto quanto nós quando ouvem discursos do tipo: “algumas crianças têm um grau de deficiência em que é impossível a convivência”. Preciso que você pare e imagine: e se fosse do seu filho que estivessem falando? Qual seria a sua reação? Como você se sentiria? O que faria para mudar isso? Já imaginou? Conseguiu sentir aí dentro um tantinho da revolta que as famílias atípicas sentem?
Inclusão não é favor! Ninguém ganha com a segregação. Crianças e adolescentes atípicos precisam estar nas escolas regulares, nos parquinhos, nos teatros, nos shoppings, em todos os lugares. Uma cidade inclusiva é uma cidade melhor para todos.
Está chegando a época de rematrícula nas escolas e eu queria estar me preocupando com o sapato que está deixando de servir e preciso providenciar outro. Ou com a lista de material escolar. Mas minha principal preocupação nesse período é: será que vamos ter problemas na rematrícula?
Faço um apelo a todas as famílias típicas: entrem nessa briga com a gente. Não vamos conseguir avançar na inclusão sem vocês ao nosso lado. Hoje pode ser uma realidade distante da sua. Amanhã pode ser ela batendo na sua porta.