Desafios coexistem com inúmeras possibilidades

Maria Eduarda Saraiva Moreira

@psimariaeduardamoreira

Minha jornada com as alergias alimentares começou quando minha filha, hoje com 2 anos, teve uma reação anafilática com apenas 1 mês de vida. O diagnóstico veio: APLV (Alergia à Proteína do Leite de Vaca). Para continuar amamentando, precisei adaptar completamente minha dieta, eliminando leite e derivados. Foram inúmeras reações até conseguir seguir a dieta de forma adequada. Aos 6 meses, mais um desafio: descobrimos que ela também era alérgica ao ovo. Novas restrições, novos cuidados.

Como psicóloga, percebi que o impacto das alergias vai muito além da alimentação. O que mais afetou nossa família foi o impacto social e emocional: éramos muito ativos socialmente e, de repente, enfrentamos isolamento de amigos e até de familiares, além do medo constante.

Meu maior aprendizado veio ao perceber que era possível, com conhecimento e conexões, ressignificar esses desafios. Foi nesse processo que decidi fazer meu TCC sobre o impacto emocional das alergias alimentares na saúde mental das mães de crianças alérgicas. Ao buscar páginas e grupos para compartilhar minha pesquisa, encontrei o Conexão Alimentar. A Bianca foi incrível e me apoiou de forma fundamental nesse período.

Por meio dessa conexão, também conheci espaços de confeitaria inclusiva e páginas que compartilham receitas. Percebi que esses espaços online são essenciais: ampliam possibilidades para quem convive com restrições alimentares, oferecendo suporte prático e socioemocional, e possibilitam uma melhor qualidade de vida.

O recado que quero deixar para quem convive com alergias é: será desafiador, sem dúvida, mas quando buscamos conhecimento e fazemos conexões, percebemos que os desafios coexistem com inúmeras possibilidades. As alergias não precisam nos limitar; elas podem nos levar a novos espaços e redes de apoio. E, acima de tudo, não passe por isso sozinho: ter conexões é fundamental.