Conversamos com Ana Porto Vieira (@xoleite). Ela é mãe da Júlia, 4 anos.
Atualmente, mora em São José do Rio Preto – SP
Você já tinha ouvido falar de alergias alimentares quando teve o diagnóstico do seu filho?
Nunca tinha ouvido falar em APLV. Sabia que existia a alergia alimentar, mas era um universo paralelo ao meu.
Muitas vezes o diagnóstico inicial não é preciso; foi assim com vocês também?
Com certeza. Antes de fechar o diagnóstico, patinei bastante. Inclusive, fui em uma médica que disse que era “normal” encontrar sangue na fralda do neném. Outra profissional me colocou em uma dieta super restrita, cortou glúten e outros alergênicos desnecessariamente.
Infelizmente, existe muita falta de informação de alguns profissionais da saúde em relação à alergia alimentar. Porém, felizmente existem também profissionais bem capacitados e experientes que são sérios e humanos para nos ajudar a trilhar esse caminho.
Quais as maiores dificuldades ao ter que fazer uma dieta de exclusão?
Na minha opinião, a dieta nem é ruim. Eu sempre fui natureba, já fazia até leite vegetal antes da alergia surgir em minha vida. Porém, uma coisa é fazer dieta em casa e outra coisa é cair no mundo com a dieta nos ombros. Para mim, o mais difícil é “sair”. Eu amo passear, estar com amigos, família e pessoas queridas, porém quando eu fazia dieta para amamentar já tive alguns “desconfortos” em festas, reuniões e restaurantes.
Amigos e familiares que te julgam ser “a louca exagerada” até presenciarem uma reação. O restaurante que tem certeza de que você é só uma mãe natureba e coloca queijo picado no meio da salada. Enfim, foram vários episódios desse tipo. Hoje não faço mais dieta, mas a Júlia sim e o desafio maior é não partir o coração dela, contornando e prevenindo situações de exclusão às quais infelizmente nossos pequenos estão sujeitos. Por isso, tomo todo o cuidado para que a dieta não seja um peso para ela, mas sim algo natural e delicioso.
Por quanto tempo você teve que seguir essa dieta?
Eu segui por aproximadamente 2 anos para poder amamentar.
Como foi lidar com os desafios da maternidade mais esse diagnóstico?
Quem dera se a alergia alimentar fosse a única luta das mães, não é mesmo? Acredito que Deus dá esse desafio extra de presente para algumas mães como um instrumento para que elas ampliem os limites de sua força e de seu amor.
O que você gostaria de ter entendido logo no inicio da sua dieta e que pode ser usado como dica para as mães que começaram essa dieta recentemente?
Sempre digo para as mães que me procuram que a vida com a alergia alimentar pode ser leve. Gostaria de ter entendido isso logo no começo, mas é difícil acreditar quando recebemos o diagnóstico e o mundo parece estar desabando em nossa cabeça. Porém, o tempo é nosso amigo e através dele descobrimos que somos mais fortes do que imaginamos, pois o combustível da nossa força vem de uma fonte inesgotável: o amor de mãe.
É importante lembrar também que além da nossa própria força temos a força de alguém maior. Eu não saberia como enfrentar nenhuma dificuldade sem confiar em Deus e na sua imensa sabedoria e amor por nós.
Por isso, sempre digo para as mães que conversem mais com Deus, que se conectem com essa força superior. Com o passar do tempo, conseguimos ver que não estamos sozinhas, pois Ele sempre esteve ao nosso lado, conhece as profundezas de cada lágrima que derramamos e, em seu tempo, enxuga cada uma delas.
Entrevista à Bianca Kirschner