Poder trabalhar como empreendedora social tem sido uma grande realização na minha vida. Tem me proporcionado conhecer pessoas que também se sentem muito bem trabalhando com conscientização. Realizadas podendo ajudar, servir e compartilhar aos que precisam de mais ajuda dentro da jornada de alergias alimentares.
Tenho acompanhado a Ana há alguns meses e com prontidão e felicidade ela aceitou ser colaboradora do Conexão Alimentar.
Ana, através do seu projeto Xô Leite está presente semanalmente ao vivo com famílias para troca de ideias através do Chá com as Amigas, além de trazer conteúdo e informações relevantes através do seu perfil sobre alergias alimentares com foco em APLV (alergia a proteina do leite de vaca).
Se liguem no primeiro conteúdo da Ana no Conexão. Gratidão por estarmos juntas nesta jornada.
Bianca Kirschner
Dá para ter uma Páscoa APLV feliz? Sim! Em 10 passos, te conto como.
1 – O que é a Páscoa?
A primeira dica, e talvez a mais importante, é a seguinte: antes de começar a preparar sua celebração de Páscoa ou de qualquer data comemorativa, pense “qual é o sentido principal dessa festa?”
No caso de um aniversário, por exemplo, o ponto é celebrar a vida do aniversariante. Você pode conversar com seu filho no dia do aniversário dele sobre o quanto a vida dele é um presente para todos, pode contar histórias sobre o que aconteceu no dia de seu nascimento e reforçar o quanto ele é amado.
Quando for o aniversário de outra pessoa, pode lembrar com o seu filho como aquele familiar ou amigo é querido e como vocês são felizes por tê-lo em suas vidas.
No caso do Natal, você pode falar sobre o nascimento de Jesus e contar tantas histórias que envolveram esse acontecimento tão especial.
Agora vamos para o ponto aqui que é a Páscoa: reflita o que a Páscoa significa para você. É ressurreição, vida, amor, perdão? Pense.
Reflita e converse com seu filho a respeito desse sentido principal que transcende os ovos de chocolate. Para quem tem alguma religião relacionada ao cristianismo, ou seja, que acredita em Jesus, conte as histórias relacionadas à Páscoa com algum livro infantil sobre Jesus ou com a Bíblia mesmo. (Não menospreze a capacidade das crianças de entenderem textos “complexos”. Elas são mais espertas do que a gente pode supor!)
Se você não acredita em Jesus, se é Budista, por exemplo, ou tem alguma religião não relacionada ao cristianismo, faça essa reflexão de “sentido da Páscoa” com um olhar antropológico. Você pode explicar para seu filho que quem acredita em Jesus celebra na Páscoa a sua ressurreição, por isso é um tempo de falar sobre vida, sobre amor, sobre doação.
Dê de presente para seu filho o conhecimento desse sentido profundo que envolve todas as festas.
2 – Avalie seu caso, sua realidade.
Essa dica também é válida para qualquer celebração: teremos uma festa grande ou pequena? Faremos só alimentos sem leite (ou outros alergênicos) ou teremos dois cardápios?
No caso da Páscoa:
Veja qual é a idade da criança alérgica para propor atividades adequadas.
Avalie a tradição familiar para ver se é necessário adaptar algo (uma sobremesa ou uma brincadeira, por exemplo).
Planeje o almoço de Páscoa de acordo com a realidade e restrição (se for fazer).
Leve em conta a tradição em relação ao chocolate: vocês possuem o costume de trocar ovos em sua família? A criança alérgica terá contato com outras crianças (primos, irmãos etc.) e vocês farão brincadeiras envolvendo chocolate?
Resumindo: veja o que você vai ter que “desenrolar” de acordo com a sua realidade e planeje tudo com antecedência.
3 – Pense fora da caixa.
Na minha primeira Páscoa após o diagnóstico de APLV, fui ao supermercado quando os túneis de ovos estavam sendo montados. Por um minuto, pensei em todas as restrições, mas aí olhei para a Júlia, que, com sua inocência de bebê, estava encantada com aquela movimentação toda, aqueles objetos redondos, coloridos e brilhantes sendo pendurados no teto. Ela estava feliz.
Naquele minuto, em um gesto tão simples, ela me deu uma lição enorme. Dá para ser feliz agora com o que temos no agora.
As crianças não possuem ideias pré concebidas do nosso mundo de adultos, de que a Páscoa tem que ter aquele ovo específico ou aquela sobremesa com leite condensado. Ele não vai sofrer se você estiver equilibrada, então tire esse peso dos seus ombros.
Se você se alegrar, seu filho não vai pensar na restrição, mas sim em como é legal essa festa toda – lembra da dica 1?
4 – Coloque a mão na massa.
Outro passo bacana, tanto na Páscoa quanto em qualquer evento, é colocar a mão na massa. A boa notícia é que existe uma infinidade de receitas “chocolatudas” sem leite e outros ingredientes que ficam praticamente iguais às versões originais.
Para te ajudar nessa missão, eu reuni receitas deliciosas, feitas com muito amor e chocolate, em um e-book gratuito, com o título “A FESTA DO CHOCOLATE”. É grátis e está disponível para você na nossa comunidade do Telegram.
Para acessar, é só clicar no link: https://t.me/xoleite.
5 – Segure firme na amamentação do bebê APLV com essas dicas.
Se você amamenta, segura firme, que seu esforço será pago com sorrisos e saúde em seu pequeno. Você pode se deliciar com guloseimas limpas compradas ou feitas em casa. Você escolhe. Também dá para usar uma estratégia (que adoro!) de se presentear com algum mimo, pode ser algo simples, como um batom, por exemplo. Isso vai dar um efeito psicológico ótimo.
Não esqueça de pedir para embrulhar para presente. Você merece! O “presente” também pode ser alguma ação que levante seu astral, como ir fazer as unhas ou hidratar os cabelos. Veja o que irá te “ajudar” mais.
Outro ponto importante para quem amamenta: sabe o ditado “O que os olhos não veem o coração não sente”? Ele cabe bem aqui. Se mesmo com todos os truques você continuar com aquela lombriga pelo ovo proibido ou a sobremesa da avó, simplesmente não olhe. Não seja masoquista de ir na loja e ficar namorando os ovos com leite ou de no almoço em família ficar ao lado da travessa de sobremesa. Não se boicote, se mime.
6 – E se alguém boicotar?
Se algum familiar ou amigo não entender e insistir em dar alimentos alergênicos para seu pequeno (ou para você que amamenta), a minha dica é a de sempre: tente explicar, mas se não funcionar, não gaste sua energia com quem quer permanecer na ignorância. Use sua energia para alegrar seu filho e sempre proteja ele dessas pessoas.
7 – Use a criatividade, ela é a palavra chave de qualquer família de APLV.
Vou colocar aqui algumas dicas práticas e criativas para alegrar qualquer Páscoa APLV:
– Algumas lojas de brinquedos possuem ovos de Páscoa recheados apenas com brinquedos (sem nada comestível). Existe uma variedade grande de “recheios” de acordo com o gosto da criança;
– Em lojas de festas, é possível comprar ovos plásticos em tamanhos variados. Você pode comprá-los e “rechear” com o que seu filho mais gosta. Por exemplo: Nos pequenos pode colocar uva passa, balas e doces (existem muitas opções seguras para APLV), nos ovos maiores pode colocar brinquedos dos personagens favoritos ou um coelho de pelúcia. Você pode inclusive montar um desses para cada priminho ou cada irmão (com ou sem alergia). Certeza que vai ser sucesso!
– Se não encontrar esses ovos prontos, use uma forma de ovo de Páscoa de acetato, dessas que você compra para fazer o ovo em casa, recorte, encha de mimos, embrulhe em um papel lindo, com um laço, para que ele fique com carinha de ovo de páscoa e pronto.
– Faça você mesma um ovo de chocolate temático. Conheço várias mães que usam essa estratégia: compre um ovo de Páscoa da marca que seu filho pode, desembrulhe, coloque no meio o brinquedo do tema que seu filho gosta: pode ser um herói, uma princesa, um personagem. Embrulhe com um papel do tema escolhido e finalize com um laço. Ele vai vibrar quando ver o “recheio”.
– Faça uma cesta linda e enfeitada, repleta de guloseimas, bolos e doces limpos. Dá para colocar também um coelhinho de pelúcia, brinquedinhos etc. Quanto mais cores, melhor. Uma seguidora APLV adulta, de 21 anos, uma vez me contou que ainda se lembrava com alegria das cestas que a mãe fazia para ela levar para a escola. O sucesso era tanto que as outras crianças deixavam seus ovos de lado, encantadas com tantos quitutes sem leite. Segundo ela, a mãe faz essa cesta até hoje. Mãe APLV é puro amor, né?
– Incentive o envolvimento da criança desde o começo do processo. Vai cozinhar? Leve seu pequeno para colocar a mão na massa. As crianças tendem a preferir comer o que elas fazem. Eu lembro que minha sobrinha só comia pão branco, até que resolvemos incluir ela no processo. Na minha família, todo mundo faz pão caseiro, então colocamos ela para fazer um pão integral junto conosco. Quando ele ficou pronto, ela virou e falou “Eu não gosto dessas coisas escuras aí”, então eu respondi “Ué, mas foi você que colocou”. Resultado: ela comeu tudo e adorou.
– Use ovos de verdade (para quem não tem alergia a ovo). Você pode cozinhá-lo e colorir a casca. Eu gosto de transformá-lo em um coelhinho. Desenho olhos, focinho, colo bigodes e orelhas. Fica uma gracinha.
Você também pode fazer um truque para que o ovo fique colorido na parte de dentro. Cozinhe ele, rache um pouquinho a casca, mas não tire, e mergulhe em água com algum corante seguro para alérgicos. Quando você descascar, ele irá ficar colorido e com um degradê lindo.
-Ovos de uva: embrulhe uvas (a fruta mesmo) em papel alumínio. Elas ficam exatamente iguais a um ovo. Só lembre de cortá-las da forma correta para oferecer para bebês pequenos, evitando o risco de engasgos. Tenho várias seguidoras que reproduzem esses “ovinhos” e sempre é uma festa.
– Ovo de brinquedo com bichinho: existem alguns fabricantes de brinquedo que possuem um ovo que a criança coloca na água e após alguns dias o ovo se quebra e de dentro “nasce” bichinho (dinossauro, baleia etc.). O ovo é pequeno e infla bastante. Teve um ano que comprei um para cada amiguinho da Júlia e foi um sucesso.
O bom desse tipo de experiência é que ajudamos a criança a ter mais paciência, a esperar e, em um mundo tão imediatista como o nosso, ela entende que nem tudo é automático (esse assunto renderia muito, mas vamos voltar para a Páscoa APLV).
8 – Mais brincadeira.
Invente mil brincadeiras: faça pegadas de coelho e espalhe pela casa. Dá para fazer sujando os dedos com qualquer farinha. Faça uma caça ao tesouro com pistas. Descubra o telefone do coelho e ligue para ele. Em tempos modernos, dá até para mandar um WhatsApp para esse fofo peludo.
Uma mãe me disse uma vez que chegou a alugar um coelho para fazer a festa das crianças. Hoje em dia, tem empresa de aluguel de tudo!
PS: se fizer isso, lembre que é um ser vivo e não um brinquedo, cuide com cuidado e ensine as crianças a tratá-lo com carinho.
9 – Ovos de Páscoa sem leite permitidos para APLV.
Se você faz questão do chocolate em forma de ovo de Páscoa, sem problema. Hoje, existem muitas empresas que fabricam ovos de Páscoa sem leite e totalmente seguros para alérgicos. Existe uma infinidade de formatos e sabores.
Fiz uma tabela com os fornecedores de Ovos de Páscoa seguros para APLV desse ano, 2021, contendo as marcas, os produtos de seu portfólio que são seguros, preço, onde encontrar etc. Está no nosso canal do Telegram. Para acessar, é só clicar:
https://t.me/xoleite.
Se você não encontra o produto desejado na sua cidade, uma boa ideia é comprar pela internet. Para reduzir as despesas de frete, dá para se juntar com outras famílias APLV na sua cidade e dividir a conta.
Outra opção é fazer um ovo de Páscoa em casa com uma barra de chocolate sem leite e sem os alergênicos que não são permitidos em sua casa. Só se atente para fazer a temperagem correta do chocolate para o ovo não derreter facilmente.
10 – Procure guloseimas locais.
Procure fornecedores locais, especializados em produzir guloseimas para alérgicos. Hoje em dia, existe uma infinidade de empresas focadas neste público . A maioria produz ovos e cestas de Páscoa nesta época do ano.
Mas lembre-se: sempre entre em contato para ter certeza que são mesmo seguros. Confira toda e qualquer informação. Questione sobre traços, compartilhamento de maquinário e também sobre os fornecedores que eles têm, se pedem laudo de seus fornecedores, se compram matéria prima a granel. Ou seja, confira se quem fabrica trabalha com fornecedores seguros e em um local seguro. Feita essa checagem, comprar produtos de fornecedores locais é uma excelente opção, pois você terá sabores artesanais em uma guloseima feita com carinho. Sem contar que estará incentivando o comércio local na sua cidade.
Espero que essas 10 dicas te ajudem a ter uma Páscoa feliz, independente de qualquer restrição alimentar.
E você? Tem alguma dica ou dúvida sobre Páscoa após o diagnóstico de alergia alimentar?
Escreva nos comentários.
️
Ana Vieira é publicitária, produtora de
conteúdo, mãe de APLV,entusiasta da inclusão
alimentar e fundadora do Xô Leite ( @xoleite ),
um espaço de acolhimento para mães
e familiares de crianças alérgicas.