Precisamos falar sobre alergia alimentar dos alunos

Como garantir a segurança do estudante sem excluí-lo das atividades e ainda oferecer uma alimentação variada e adequada?

LAURA RACHID

Uma criança com alergia alimentar à proteína do leite da vaca foi convidada a ficar em casa e não participar das aulas de culinária da escola. Outra foi colocada em sala separada enquanto os colegas compartilhavam o lanche no dia do piquenique. Ambas as situações estão se tornando comum no país, contudo, a escola precisa ser inclusiva e se atentar a esses estudantes.

Uma pesquisa estadunidense divulgada pelo site LiveScience alerta que dos casos de bullying que ocorrem com crianças alérgicas no ambiente escolar, 20% envolvem professores e funcionários como praticantes.

Além disso, a maior biblioteca médica do mundo, localizada nos EUA divulgou um estudo feito com 12.275 escolas do país em que 1.358 delas afirmam que de 2014 a 2015 houve casos de anafilaxia em ambiente escolar, o que indicou aos pesquisadores a importância da escola estar preparada para a doença.

Cenário
A Alergia à Proteína do Leite da Vaca (APLV) é a mais comum dentre as restrições alimentares e costuma acontecer nos dois primeiros anos de vida, segundo o Ministério da Saúde e estima-se que ocorra em cerca de 2,2% dos pequenos.

Contudo, um terço das crianças tem alergia a mais de um alimento e o único tratamento eficaz comprovado é a eliminação em seu cardápio, o que para alguns pacientes significa não poder tocar, inalar e consumir. Essa restrição não é tarefa fácil, ainda mais quando a criança sai da proteção da casa e começa a frequentar a escola. Neste momento muitas famílias sentem um desespero, pois a proteção foge de seu alcance.

Notando a importância de informar sobre o assunto, alergias alimentares nas escolas foi destaque de um evento em São Paulo organizado pela Danone Nutricia, no começo de novembro, que reuniu profissionais da saúde e representantes de algumas escolas públicas e privadas. A alergista Renata Cocco, do Hospital Israelita Albert Einstein esteve presente e explicou que ovo, soja, trigo, amendoim, castanhas, peixes e frutos do mar também estão na lista dos principais alergênicos. “A alergia por amendoim e castanhas está crescendo. Tem criança que ingere e chega a ir para a UTI”, afirmou a doutora.

A médica revelou que o número de pacientes com alergia alimentar está aumentando no Brasil e mundo e que não se sabe o motivo. “Há uma série de razões. Alguns alimentos passaram a entrar mais na vida dos brasileiros, como as nozes. A mudança climática também interfere”, disse Renata Cocco.

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