Dra. Patricia Tarifa Loureiro
Alergista e Imunologista- CRM 83330
As alergias alimentares podem se manifestar clinicamente de formas diferentes.
A depender dos sintomas, podemos nos valer de exames como prick-test, dosagem de IgE específica e teste de provocação oral.
Há alguns dias surgiram dúvidas sobre o exame de sangue que é realizado para ajudar no diagnóstico e acompanhar a evolução das alergias alimentares.
Dosagem de Ig E específica é o termo usado ao exame de sangue que é feito para avaliar alergias, entre elas a provocada por alimentos.
O resultado desses exames, quando alterados, significa SENSIBILIZAÇÃO.
Como assim?
As pessoas produzem anticorpos da classe IgE para determinados alimentos, sem que isso signifique necessariamente ALERGIA.
Por isso a dificuldade em interpretar esses exames. Muitas dúvidas surgem e levam a consequências desastrosas. Exclusões alimentares são feitas baseadas nos resultados encontrados sem que haja relação com a reação. Isso gera um transtorno absurdo ao paciente e à família, além de risco nutricional e emocional.
Mas quando valorizar os resultados?
Primeiro: HISTÓRIA. Ou seja, a pessoa precisa ter apresentado uma reação alérgica, imediata, até 2 horas após ter comido o alimento suspeito. Sintomas como urticária, inchaço nos olhos, na boca, vômitos, diarréia, reação anafilática, por exemplo, devem ocorrer para haver a suspeita.
Segundo: Relacionar alimentos envolvidos naquela reação. Não adianta solicitar IgEs específicas para vários alimentos, sem que haja uma relação causa efeito.
Laboratórios com técnicas de avaliação por Immunocap são ideais para dar credibilidade ao resultado. Aproveitando para reforçar o mantra que dosagem por IGG NÃO FAZ DIAGNÓSTICO DE Alergia alimentar.
Terceiro: Reprodutibilidade, ou seja, o alimento suspeito precisa estar presente em todas as reações apresentadas. Porque se a pessoa comeu em algum outro momento depois e não teve sintomas, pode parecer óbvio, mas a alergia deve ser descartada.
Quando falamos em reações IMEDIATAS o mecanismo imunológico envolvido tem a participação desse anticorpo, da classe IgE.
Por isso não adianta fazermos exames para todos os alimentos e nem para qualquer tipo de sintoma. Intoxicação alimentar, intolerâncias e outras queixas podem ser erroneamente diagnosticadas como alergia.
A colite alérgica (cólica e fezes com sangue), uma forma muito comum de alergia alimentar em bebês, tem mecanismo imunológico SEM participação da IgE. Não faz sentido fazer esse exame nessa situação.
Muito cuidado nos casos de dermatite atópica pois muito se culpa a comida quando os cuidados com a pele (hidratação) e uma orientação detalhada acabam surtindo mais efeito do que exclusões alimentares desnecessárias.
Não existem valores exatos, nesse exame, para cada alimento e cada pessoa.
O teste de provocação oral é a forma mais confiável de confirmar o diagnóstico. Por isso, se suspeitar de alergia alimentar busque um profissional capacitado para um atendimento personalizado.
Essa foi uma forma bem simples de explicar um tema complexo. Dúvidas? Estou à disposição!