Entrevista: Sarah Lazaretti, da Alergoshop

“Uma coisa que acho importante é a conscientização, por exemplo, de bares e restaurantes, entenderem a gravidade das alergias alimentares”, diz Sarah. (Foto: Divulgação Mulher empreendedora Itaú)

Uma dificuldade familiar que criou uma solução de mercado, disseminada para tantas outras pessoas e famílias. Desta forma pode ser definido o início da Alergoshop (https://alergoshop.com.br), empresa direcionada para produtos hipoalergênicos; produtos com ausência de substâncias nocivas para quem tem alergias.

A empresa foi fundada em 1993 pelas irmãs Julinha e Sarah Lazaretti. Na época a filha de Sarah, Marina, sofria com dermatite atópica. A doença provoca coceira e irritação em várias regiões do corpo. Com dificuldade em encontrar produtos específicos para a filha, surgiu a ideia de criar a empresa, em uma conversa com a irmã, Julinha, que na época fazia pós-graduação em imunologia.

Hoje a Alergoshop é uma referência no mercado com diversas linhas de produtos, próprios e de outros fornecedores. Nesta entrevista com o Conexão Alimentar, Sarah fala um pouco da sua experiência no setor.

– Baseado na história da Alergoshop, fale-nos um pouco dos propósitos atuais que norteiam o trabalho da empresa.

O propósito da Alergoshop está praticamente explícito em seu nome, uma loja de produtos hipoalergênicos voltado para alérgicos, com o objetivo de tornar seu dia a dia confortável, leve e, enfim, melhorar sua qualidade de vida. Com o passar dos anos, fomos ampliando nossos propósitos sem perder nossa essência. Hoje, nosso propósito é ser também sustentável, ecológica, para oferecer produtos para alérgicos, para quem não quer ter alergia, para pessoas que fazem questão de produtos fabricados com substâncias que não causem danos à saúde ao longo do tempo (nossos produtos não possuem até 105 substâncias causadoras de alergia ou outras doenças). Conseguimos atender também a comunidade vegana (99%dos produtos), além de não testarmos nossos produtos em animais. Alergoshop é uma marca que evolui junto com a sociedade.

– Quais as principais mudanças que você percebeu nos últimos 10 anos no mercado para produtos para alérgicos?

Quando começamos, 27 anos atrás, não existia esse nicho de negócio, eram pouquíssimos produtos hipoalergênicos no mercado, a própria especialidade era muito pequena, várias cidades nem possuíam alergistas.

Hoje, a situação mudou bastante, já não consideram alergia uma “frescura” como ouvimos muito no passado. Eu mesma tenho dois filhos e ambos foram alérgicos da infância e adolescência e garanto que era bastante sofrido tanto para o alérgico como para a família.

A sociedade, com a facilidade de informações recebidas no meio digital, se educou muito e hoje entende a importância e necessidade dos produtos fabricados com o cuidado para atender pessoas alérgicas e exigentes.

– A Alergoshop comercializa produtos que contemplam o público de alérgicos alimentares?

A Alergoshop anos atrás oferecia chocolate e ovos de Páscoa para pessoas alérgicas a leite. Alérgicas mesmo, não só intolerantes ao leite, e a responsabilidade era enorme, porque as alergias alimentares podem ser muito graves. O chocolate era de fabricação especial, feito artesanalmente com utensílios, geladeiras próprias para termos certeza que nada de leite contaminasse os produtos e porque tomávamos todos esses cuidados nunca tivemos nenhuma reclamação ou problema. Vendíamos muito e pro Brasil todo. Era muito gratificante receber os feedbacks dos pais agradecendo ter conseguido que seu filho comesse um ovo de chocolate como os irmãos ou primos, mas depois de alguns anos a Anvisa modificou algumas normas e ficou muito complicado continuar. Paramos, mas ficou na memória pela realização que proporciona. Hoje, não trabalhamos mais com nenhum produto alimentar, mas inúmeros supermercados atualmente já suprem esse mercado.

– Com sua experiência no mercado de alérgicos, o que você acha que falta em termos de conscientização das pessoas que não são alérgicas?

Talvez compreender o risco desse tipo de problema e levar muito a sério, principalmente os fabricantes, apesar de hoje já haver leis para rotulagem com informações sobre o que contém nas formulações.

– Na sua opinião, o que ainda o poder público e as agências de saúde podem fazer em termos de regularização de produtos em relação às alergias?

Uma coisa que acho importante é a conscientização, por exemplo, de bares e restaurantes, entenderem a gravidade das alergias alimentares (leite, frutos do mar, oleaginosas, substâncias comuns nas alergias alimentares) e terem procedimentos e processos para não haver nenhuma contaminação desses produtos com outros pratos, por exemplo, travessas, óleo etc.

– Alergias e pandemia. O que você pode destacar como profissional deste período em relação à necessidade de produtos especiais?

Percebemos um aumento nas vendas do ADF, que é um produto que elimina ácaros e fungos (deve ser borrifado em tapetes, carpetes, cortinas etc.), por ficarem todos mais tempo em casa, então mais pele descamadas e no ambiente, alimentos em todas partes com as crianças em casa, foi isso que imaginamos como motivos pro aumento significativo deste produto. Houve também aumento nas vendas de sabonetes e hidratantes, que atribuímos ao uso contínuo de álcool em gel, o que pode ressecar a pele, principalmente em pessoas com dermatite atópica ou pele sensível.

Leia também Mulher empreendedora Itaú.

Acesse: alergoshop.com.br  e www.instagram.com/alergoshop/

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