O Conexão Alimentar vai trazer entrevista com os colaboradores do 1o “Encontros & Conexões” sobre Alergias Alimentares – 2023. O objetivo é conhecermos as ideias e o pensamento de cada especialista.
A entrevista de hoje é com a Dra. Juliana Marcondes, psicóloga e doutora em psicologia com atuação na área acadêmica e na clínica psicológica. Professora universitária com pesquisas e projetos de extensão no âmbito das políticas públicas da infância e juventude. Experiência de 20 anos atuando como psicóloga clínica atendendo especialmente adolescentes. Mãe de uma adolescente alérgica com expertise na área das alergias alimentares.
Qual sua expectativa para o 1o “Encontros & Conexões” sobre Alergias Alimentares – 2023?
Famílias que lidam com as alergias alimentares como estratégia de proteção aos filhos, em sua maioria, iniciam essa jornada de busca de informações e apoio com as crianças ainda muito pequenas. Essas famílias, como eu, encontraram nas redes sociais um lugar de acolhimento e de troca. O Conexão Alimentar nos permitiu fortalecer o engajamento em prol da inclusão, promovendo espaços de conexão com informações seguras e responsáveis. Acredito que sair do virtual e encontrar essas pessoas presencialmente irá nos conduzir a novas possibilidades de engajamento, não apenas para dar visibilidade à causa, mas também para nos permitir fortalecer os vínculos afetivos.
O projeto destaca a importância de olharmos para as famílias em que a alergia de seus filhos persiste até a adolescência, fase em que vivemos as mais importantes transições e que, por si só, já se faz desafiante. Dessa forma, para os adolescentes alérgicos alimentares, é ainda uma oportunidade de encontro que permitirá uma troca de experiências de vida que são atravessadas pelas implicações de conviver com as restrições colocadas pela alergia alimentar. Sim, são restrições e não podemos negá-las, mas podemos ressignificá-las para que não se tornem impedimentos e nos permitam uma vida leve e de infinitas possibilidades, sempre em segurança!
Na sua opinião, quais foram as maiores conquistas da comunidade de alérgicos alimentares nos últimos 4 anos?
Com certeza, aquelas conquistas que se tornaram leis. Lei de mudança na rotulagem dos alimentos industrializados; leis municipais que instituem a semana de conscientização sobre alergia alimentar, engajamento de profissionais e famílias em prol da visibilidade dessa causa.
Por que você acha importante o intercâmbio de ideias entre alérgicos alimentares no formato presencial?
Falar das dificuldade é sempre um desafio humano, ainda mais no nosso tempo, então presencialmente podemos, com as trocas e participação das famílias e dos adolescentes, fortalecer esse espaço de reconhecimento para que os adolescentes se tornem as vozes dessa causa e não se sintam conectados pelas restrições, mas sim pelas possibilidades de ressignificá-las.
Atualmente, quais são os maiores desafios de uma alérgico alimentar – crianças, adolescentes ou mesmo adultos?
Os desafios estão no campo psicossocial: viagens, restaurantes, casas de amigos, saídas diversas em que é necessário pensar na alimentação.
Qual a mensagem que você pode deixar para quem pretende estar no 1o “Encontros & Conexões” sobre Alergias Alimentares – 2023?
Vou deixar aqui a resposta da minha filha Júlia, adolescente de 14 anos, que vivencia em sua vida a alergia alimentar: “Trocar experiência com quem vive a alergia é muito importante. Primeiro, porque você vai ver que não está só; depois, porque essas pessoas vão entender melhor o que você vive e, quem sabe, assim a gente pode fazer as outras pessoas entenderem melhor.”
Então, enquanto mãe, o que posso fazer é proporcionar a ela essa oportunidade de novas conexões.