Bianca Kirschner
O problema de contato cruzado detectado pela marca Ouro Moreno é muito delicado e sério. O mesmo foi alertado pela empresa nas redes sociais: um dos lotes de produção de chocolate branco estava com traços de proteína de leite, o que acarretou reações alérgicas em diversas crianças.
As pessoas que trabalham em cozinhas inclusivas também foram surpreendidas. Ao utilizar como matéria-prima o chocolate dessa marca, também viram seus clientes serem afetados e, em alguns casos, seus negócios prejudicados.
Mas o mais prejudicial foi a reação de algumas pessoas, que utilizaram as redes para agredir essas profissionais de cozinha inclusiva, cancelando pedidos e, em algumas situações, trazendo ofensas injustificáveis.
Vivemos um momento do mundo em que nossa maior ferramenta é a empatia. Principalmente nesses casos extremos que envolvem a saúde dos nossos filhos. Sim, grande parte de quem trabalha com cozinha inclusiva é formada por mães de alérgicos alimentares. E se hoje fornecem alimentação para outros alérgicos, possuem plena consciência dessa responsabilidade.
Todos nós somos vítimas.
E, nessa situação, o melhor a fazer é conversar mais, perguntar mais, ter um contato mais estreito com aquele profissional que fornece receitas de cozinha inclusiva. Cancelar pedidos é uma atitude extrema que só resolve o problema a curtíssimo prazo. A médio prazo deixa você sem opções de fornecimento das empresas menores, com as quais você pode ter um maior contato e cuja produção influenciar de fato.
Para grandes e megas empresas, com raras exceções, somos apenas um número, uma porcentagem. Para pequenos fornecedores, somos, sim, pessoas, temos filhos, familiares, muitos com restrições alimentares.
A situação é realmente preocupante quando o assunto é contato cruzado. Ele não vai desaparecer com um passe de mágica. Temos que trabalhar unidas, mães e empresas de todos os portes.
Precisamos também de muita solidariedade, empatia e muito diálogo entre nós.